quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Kong lo cave

Com pouco tempo para chegar até ao sul do país e com tempo a mais para continuar em Vientiane, decidi ir até Lak São para visitar a Kong Lo Cave. Mal sabia eu que estava prestes a entrar numa das maiores aventuras desta viagem até à data.

Parti para Lak São por volta das 6h da manhã, e saí da capital praticamente sem Kip’s (os euros de Laos) pois todos os ATM’s estavam em manutenção... Entrei no autocarro da maior anarquia de sempre! Cada vez que o motorista apitava, levantava-se tudo para ver o que se passava na estrada. Logo à saída de Vientiane, o motorista parou e foram todos em peso buscar águas que estavam a ser oferecidas na rua (deixando o português sozinho no autocarro). Os passageiros pediam para parar sempre que ''tinham xixi'' e a meio da viagem, por volta do meio dia, parámos numa vila. Várias pessoas saíram do autocarro e entre elas um grupo começou a montar um barbecue set mesmo ao lado da porta de saída do autocarro. Pressupus que o almoço ainda fosse levar algum tempo a ser confeccionado e, deixando para trás todas as minhas malas, decidi partir a pé à procura de um ATM. Passados alguns minutos de muito andar encontrei um banco, mas sem ATM. Aqui para levantar dinheiro teria de passar por um processo burocrático grande que pensei não ter tempo pois o autocarro poderia partir a qualquer momento. Com receio de perder o autocarro decidi regressar. Quando cheguei ao local, o barbecue continuava, mas o autocarro já tinha partido. Os donos e senhores do barbecue tinham saído para ficar… quando lhes perguntei pelo autocarro, apontaram para o final da rua e lá estava o autocarro em marcha. Foi então que comecei a correr e a pensar nas minhas malas (e o quanto elas representavam para mim), e consegui apanhá-lo quando o autocarro parou para apanhar mais um passageiro na beira da estrada e para ver sair mais um Sr. com xixi. Lá entrei e regressei ao meu lugar a caminho da Kong Lo Cave.


A Kong Lo Cave é uma gruta de 8km de comprimento que é atravessada por um rio. A gruta é visitada por barcos construídos e comandados por locais. A única iluminação de que dispõe é fornecida pelos focos toscos que os locais levam na cabeça (mine style).


Apesar de não ser a gruta mais bonita que já visitei (conforme este petiz viajante teve a oportunidade de testemunhar e documentar no blog - que viria a ficar célebre na blogosfera mundial (ou não), A Par e Passo - na sua incursão pela China em 2007 na Gruta Ludi Yan) é sem dúvida a mais assustadora!! Chega a ter 60 metros de largura e o tecto é altíssimo, e para ajudar os focos dos locais não permitem ver grande coisa enquanto estamos a navegar a uma velocidade considerável. Por vezes ainda temos a oportunidade de deslumbrar um morceguinho ou outro.


A profundidade da água é muito reduzida, pelo que por diversas vezes encalhavamos e tínhamos de sair do barco para conseguir continuar a navegar. A única vez que parámos voluntariamente foi para ver um recanto da gruta cheio de estalaquetites e estalagmites iluminadas por jogos de luz.


A gruta demora 3h a ser vista pelo que por volta das 18h (quase noite) tínhamos terminado a nossa visita. Foi então que me apercebi que todos os outros elementos do grupo estavam num tour organizado já com tudo marcado (transporte, visita à gruta e estadia assegurada). Eu, sem saber onde ia dormir e com as malas ainda às costas (depois de as ter recebido de um Tailandês a quem tinha pago para ficar a tomar conta enquanto eu visitava a gruta) e sem Guesthouses ou hostels por perto, decidi ir andando com eles. O grupo era constituído por 3 franceses (1 casal + 1 amigo - das minhas idades) e um casal holandês dos seus 70 anos. Passado algum tempo de conversa percebi que iam fazer uma Homestay, que era algo que estava nos meus planos. Homestay passa por ficar a dormir em casa dos locais, fazer as refeições com eles, dormir no chão (esta eu não sabia)... no fundo ser do Laos por uns momentos. Passado algum tempo de caminhada, já fazia parte do grupo e estava prestes a experienciar a minha primeira homestay. O grupo foi dividido em 2. Os Franceses foram para uma casa e os Holandeses e eu para outra. As casas eram feitas de madeira e colmo e eram do mais rudimentar que existe, apesar de uma delas já ter TV! As casas de banho eram fora da casa e obedeciam ao mesmo estilo arquitectónico, de madeira com 1 buraco no chão. Para tomar banho era em casa, na sala de jantar/quarto com alguidares de água aquecida ao lume feito de lenha. À hora de jantar, o grupo juntou-se novamente numa terceira casa, onde o casal de Holandeses (colegas de cama) tiveram uma grande prestação musical. O entendimento com os locais era praticamente impossível, para além da linguagem gestual a única coisa que me consegui fazer entender foi swalam que significa casa de banho e eu já sabia onde ficava… (tradução que vinha no meu guia de viagem).


Depois de jantar recolhemos (eu + o casal Holandes) para a nossa cama no chão. Acabei por passar a noite completamente em branco devido aos animais. Estes são guardados debaixo das casas… foi a noite toda a ouvir porcos a grunhir (nos primeiros 15 min ainda pensei que fosse o Holandes) e galos a cantar fora de horas.


Levantámo-nos às 6:30 para tomar o pequeno almoço (por pequeno almoço, leia-se restos do jantar). Às 8:45 estávamos de regresso à vila mais próxima (Ban Na Hin) e eu tinha acabado de perder por 15 minutos o último autocarro do dia para regressar a Vientiane. Decidido a não ficar a dormir em Ban Na Hin, entrei no 1º autocarro que me pudesse deixar na autoestrada onde passam os autocarros que vêm do sul do país a caminho da capital, para tentar apanhar um desses. Acabei por entrar num autocarro e sair na referida autoestrada… onde esperei e esperei por um autocarro… Sem autocarros em vista acabei por me sentar num café de beira de estrada, onde comecei a tentar comunicar com o sr. da foto. Alguns minutos perdidos em gesticulação, conseguimos perceber que íamos os dois para Vientiane. E apesar de ter sido a única coisa que conseguimos perceber durante o resto do dia que víriamos a passar juntos, valeu um boa gargalhada! Lá fomos os dois a caminho de Vientiane, mas de tuk-tuk (eu sabia que não tinha percebido tudo!!)! Seguiram-se então 9 horas de tuk-tuk em tuk-tuk a passar por todas a cidades, vilas e aldeias para apanhar/largar todo o tipo de pessoas. Sentaram-se ao meu lado monges, mães com filhos de colo com a fralda limpa, mães com filhos de colo que vieram a ficar com a fralda suja, pessoas a transportar motos, novos, velhos e o maduro do meu recente amigo sempre com um sorriso na cara até Vientiane.

Este post não tem nenhuma foto pois fui assaltado no Cambodja (de onde vos escrevo este post) e fiquei sem máquina fotográfica...


3 comentários:

  1. Este post está hilariante. Tens um e-mail meu à tua espera.

    Beijinhos!

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  2. Este post está hilariante. Tens um e-mail meu à tua espera.

    Beijinhos.

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  3. Granda Jonas...

    9h num tuck-tuck é obra... tens de melhorar o teu "Laense?".

    Aposto que daqui a uns dias vais encontrar um nómada cheio de rastas a passear-se com a tua máquina por essas únicas paisagens.

    Abraço e boa sorte

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