sábado, 27 de fevereiro de 2010

Inle Lake

Inle lake parou no tempo e é um lugar simplesmente inacreditável!
Aqui os barcos dos pescadores não têm motor, as redes são puxadas à mão, nas vilas são as bicicletas que tomam conta das estradas, e é a força dos animais que ajuda a lavrar a terra.
No meu primeiro dia em Inle Lake, fomos (eu e o Frederick) andar de barco pelo lago. O lago é enorme, tem mais de 20km de comprimento por 10km de largura, e é impressionantemente calmo.

Demos uma volta completa ao lago e seguimos por terra dentro de barco (dado que o canal por onde navegavamos chegava a ter menos de 3m de largura) onde visitámos o templo do jumping cat. O Frederick é maluco por gatos e neste templo Budista, construído sob estacas na água, os monges treinaram os gatos a fazer uma habilidade (??).
Ainda tivemos tempo para parar numa margem e fazer um mini treking que nos levou até outro templo no cima da montanha onde tentei interagir (sem grande sucesso!) com as locais que regressavam a casa depois de uma manhã no mercado.
Neste templo fiquei a saber que o tipo de budismo seguido na Birmânia (Theravada) faz distinção entre a mulher e o homem. Como sabem, o budismo de uma maneira geral tem por base a reencarnação constante até se atingir o nirvana. Esta reencarnação passa por diversos animais, pela vida humana e posteriormente o nirvana. Ora no Theravada a vida humana é dividida em homem e mulher sendo que só chega a viver a vida enquanto homem uma mulher que se tenha portado muito bem! Assim sendo, a mulher não pode chegar tão perto dos templos como o homem, terá de voltar na reencarnação seguinte...

No dia seguinte aluguei um bicicleta para ir até às hot springs. Depois de pedalar mais de 1h sem me cruzar praticamente com ninguém na estrada, deparei-me com um ajuntamento de locais tão grande que fui obrigado a parar de pedalar e a sair da bicicleta. A razão de tamanha confusão era um jogo de volei que estava a decorrer no meio da montanha. Havia mulheres e homens de todas as idades, monges, agricultores, pescadores e um ciclista português! A aldeia estava concentrada em força para o acontecimento!


No dia seguinte decidi peladar precisamente para o lado oposto das hot springs. Fui pedalando de aldeia em aldeia até a sede me parar em Maing Thauk. Maing Thauk é uma aldeia sob a água que a evolução dos nossos tempos ainda não tocou. Os búfalos lavram as terras, os filhos ajudam os pais nos barcos na apanha dos frutos nas hortas flutuantes. O lago é um espelho tão perfeito que quase nos podemos dar ao luxo de ver as fotografias de pernas para o ar sem perderem o sentido.
Em Inle Lake ainda tive tempo para desafiar o empregado de mesa do restaurante onde eu costumava ir a jogar Xadrez. 3-0 para a equipa da casa no primeiro dia e uma vitória magra por 1-2 para o turista no segundo dia.

Fui tirar fotos para o visto do Vietnam (esta saga não acaba!) num fotógrafo à antiga onde tive de esperar pela cliente à minha frente que estava a dar tudo o que tinha sob indicações criteriosas do fotógrafo Yen Sun. Quando chegou a minha vez de ser fotografado (e de fotografar) o resultado foi este.
Bagan - Inle Lake (16horas) Pior viagem de autocarro de sempre.
Casamento em Inle Lake - Estou claramente mais feliz que o noivoBarco dos noivos
Fami'lia emprestada
Jovem pastor

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Bagan (o outro Angkor Wat do mundo!)

A paisagem que nos acompanha durante as 9h de viagem de barco que separam Bagan de Mandalay faz com que a viagem seja relaxante e passe depressa!
Fazendo lembrar um pouco as viagens no Rio Mekong (no Cambodja e Laos), acaba por ser mais agradável porque os barcos são significativamente melhores, mas principalmente porque a paisagem é enriquecida por imponentes templos em ambas as margens do rio.
Aproveitei ainda para fazer um update nos filmes de James Bond e ver o Casino Royale (dobrado em Burmese!).

Bagan é sem dúvida um ponto de passagem obrigatório para quem vem a Myanmar. São mais de 4.000 templos concentrados numa área inferior a 26 hequetares.
De facto se há lugar no mundo (em que eu tenha estado) que possa ousar rivalizar com Angkor Wat é este.No entanto aqui, ao contrário de Angkor, os templos acabam por ser todos muito semelhantes entre eles e impressionam mais pela quantidade do que propriamente pela originalidade.



No meu primeiro dia de Bagan reencontrei o Frederic e decidimos dividir
uma charrete para ir visitar os templos.







Num dos templos acabámos por experimentar a Tanaka que é o pó de madeira que os locais usam no rosto. É um 3 em 1: funciona como protector solar, como maquilhagem (duvidoso!!) e arrefece a cara.
O pôr do sol é breathtaking beautifull!! Vê-se a silhueta dos infinitos templos desenhada nos raios solares...
No dia seguinte, aluguei uma bicicleta e limitei-me a passear pelas redondezas.

Operador de cabine telefónica - uma profissão como qualquer outra na Birmânia

Cristiano numa mota em Bagan Transporte público... O lado menos colorido da Birmânia... Vendedora de quadros de arroz

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mandaley!! (e o visto no passaporte!?)

Depois de uns dias bem passados em Yangon, decidi partir para Mandalay.
O autocarro noturno de 14h que liga as duas cidades é novo e tem boas condições, mas infelizmente tem A/C, TV e rádio. Durante as 14h foi impossível adormecer! O A/C estava sempre num gelo, o que me obrigou a enfiar-me dentro do saco-cama para sobreviver. O filme estava sempre altíssimo e a plateia (que provavelmente não tem TV em casa) não parava de rir. Nos intrevalos dos filmes, passavam para o rádio com orações budistas. E assim foi até Mandaley...

Após algumas horas de recuperação da viagem de autocarro, fui conhecer a cidade. Os 2 pontos altos de Mandaley são a ponte de madeira em Amarapura e a Mandaley Hill. Ambos devem ser vistos ao pôr do sol.



Decidi começar pela ponte de madeira (Ubein's brige), a maior ponte de madeira de teka do mundo! Para lá chegar recrutei uma moto-taxi cujo condutor tinha ascendência indiana. Connosco, mas noutra mota, veio o Frederic (Francês, guia turístico a viver em LA), que me viria a acompanhar nos dias seguintes de viagem.

A atmosfera vivida na ponte é mágica! Vale a pena ficar umas horas a observar a "vida" da ponte. Os locais atravessam com as suas bicicletas, os monges ficam sentados nas zonas de descanso/sombra e os pescadores lançam as redes mesmo ali ao lado. Tudo isto debaixo de um pôr do sol incrível!






No dia seguinte, sabendo que tinha de deixar Mandaley Hill para o pôr do sol, decidi aproveitar o dia para ir ao Palácio (que vale 0 a pena ser visto) e andar pela cidade. Quando estava numa das muitas tea shops da cidade, lembrei-me que não tinha deixado o visto para o Vietnam (meu próximo destino) a fazer na embaixada em Yangon. Liguei de imediato para a embaixada, onde me disseram que demoraria um semana a fazer, o que hipotecaria os meus planos em Myanmar pois obrigar-me-ia a regressa muito mais cedo a Yangon...

Depois de explicar a situação toda à vietnamita da embaixada, e de lhe dizer que conhecer o país dela era um sonho de criança, ela acabou por ser muito flexível (surpreendentemente!!) e disse-me que lhe enviasse o meu passaporte por FAX que ela fazia o pedido do visto por mim e assim eu poderia voltar mais tarde para Yangon só para o levantar.

Fui então à procura de uma casa de fotocópias e de algum lugar em que pudesse enviar um fax. Depois de muita procura, apontaram-me uma rapariga e uma senhora de idade que estavam sentadas no quintal de casa delas. Perguntei se tiravam fotocópias, responderam que sim, dei-lhes o meu passaporte, e a rapariga foi para dentro de casa ficando eu sentado ao lado da senhora de idade. Cerca de 25min se passaram neste cenário sem se trocar uma única palavra, até que a rapariga voltou com o meu passaporte e a respectiva fotocópia.

Explicaram-me que para enviar um fax tinha de ir ao Instituito das Comunicações. Quando cheguei ao dito Instituto, dirigi-me ao giche e depois de proferir a palavra FAX em todas as pronuncias possíveis e imaginárias e mesmo assim não me conseguir fazer entender, fui "salvo" pelo Chuik que me levou até ao prédio dos faxes. Enquanto esperava que o fax fosse enviado fiquei à conversa com o Chuik. Fiquei a saber que trabalha nos computadores da biblioteca do Estado, que falava inglês e que (achava que) falava Francês.

Com o fax enviado restava-me rezar para que a Vietnamita em Yangon me fizesse o visto!

Despedi-me do Chuik e segui para Mandaley Hill. A montanha, que está coberta de templos, era maior do que eu imaginava e acabei por chegar ao topo a tempo de ver apenas os últimos raios de sol do dia. Seja como for, os templos que se atravessam para chegar ao topo, bem como a vista panorâmica sobre a cidade, fazem valer a pena o esforço dispendido na subida.
Aqui reencontrei o Frederic que me deu boleia de mota até ao meu hotel.

No dia seguinte acordei tarde e fui tomar o pequeno almoço a um sítio de "locals" e, passados poucos segundos de me ter sentado à mesa, o Chuik veio todo contente convidar-me para me juntar a ele na sua mesa.

Deu-me algumas dicas sobre sítios a visitar, fez-me perguntas sobre o meu país e no final não me deixou pagar o meu pequeno almoço. Ele, que tinha trazido o almoço de casa para não gastar dinheiro. A única forma de "pagamento" que encontrei foi tirar a foto abaixo (em que ainda estou a dormir) e prometer-lhe que a enviava para o email.

Sem muito mais para ver em Mandaley, decidi comprar um bilhete de barco para seguir no dia seguinte pelo rio Ayeyarwady até Bagan.